eu sou estrangeiro
estrangeiro
não de carne ou de mapa
as fronteiras mal barram as palavras
(num toque me faço esparso
e lanço-me inteiro aos cantos)
eu sou de fora
nem de mim trago mais que esse trago
não sou formado
dos cacos
de sempres e nuncas que vagam já
entrecruzados
eu sou estrangeiro
não sou retalho ou costura
tapete que se joga ao sótão e é caro
não sou de cinco minutos
ao pé do noticiário
com o peito a calibrar seu silêncio
- e meu solfejo peca só pela clave
eu sou estrangeiro
ainda que a voz vez em pouco tropece
ainda que papéis garantam o acesso
e o umbigo fomente frutos
num quintal que não mais guardo
estrangeiro ainda
zanzando entre os cordéis
daqueles que portam a estada
estrangeiro
no gueto de um só pária
[...] não sou formado
ResponderExcluirdos cacos
de sempres e nuncas que vagam já
entrecruzados
eu sou estrangeiro [...]
Sou estrangeiro em meus próprios versos.
Abraços de poesia ficando para continuar te lendo, poeta.