domingo, 11 de dezembro de 2011

cadafalso

pode sentir-se em clausura
o que se alberga no aberto.

pode sentir-se acuado
o que à vera só acua.

há de sentir-se disperso
sem o reforço do mesmo.

sentir que é algaravia
essa assembleia de ecos.

pode sentir-se hemorrágico
na arritmia do alheio.

o que do parco assovia
ao que do vasto se arma
a cada pulso o ojeriza.

pode sentir-se desnudo
enquanto o necropsia.

pode sentir o capuz
o que se porta carrasco
e ver-se corda & pescoço
onde só há cadafalso.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

desafio

desaprender a insignificância
- meu desafio.

deixar o que em mim puxa ao silêncio.
calar o que só quer ser da cidade.
erguer o horizonte & me espraiar.

careço de um delírio
longe do sebo em que se unem,
entre cervejas e discos raros,
intelectuais de costume,
em sua troca de agrados,
alheios à rua alheia.

antes vedar a via da arrogância,
crer num sentido além da vaidade,
ater-me a sonhos inda não sonhados.

ah... chegar a praças onde só me saibam
pela escrita - alguns nem lembrem o nome -
sem ter de mendigar quaisquer leitores
às portas da menor biblioteca!

restar no gozo de quem me desfolha
quando há muito já for só volumes!